Um aluno que encontra apenas a tradução do termo sem maiores explicações pode muito bem utilizar esse verbo erroneamente, em situações que não cabem o uso do mesmo.
Esse verbo tem por significado “voltar; retornar”, mas para o seu lugar de origem, por exemplo, “voltar/retornar” para casa, ou para a sua cidade, ou para o seu país, etc. Não cabe usá-lo como retornar ao local em que você encontrava anteriormente, ex.: alguém está no trabalho e sai para visitar um cliente voltando/retornando posteriormente para a empresa. Nesse caso não podemos usar o verbo “kaeru”, e sim o verbo “modorimasu/modoru”, ou ainda “modotte kimasu/ modotte kuru”, que significa “voltar; regressar; retornar” para um lugar onde você se encontrava anteriormente.
Voltando ao verbo “kaerimasu”, gostaria de chamar a atenção para um fato que considero muito interessante se comparado ao nosso idioma. Percebi logo que tive contato com o idioma japonês que se uma pessoa viaja para um outro país, seja a trabalho ou para estudar, e vai ficar por cerca de X período, mas durante o período de estadia nesse outro país, essa pessoa viaja ao seu país de origem para visitar seus familiares por um curto período. Essa saída do país onde ele se encontra a trabalho ou estudo, que em português diríamos, por exemplo: “a minha professora foi para o seu país/ a minha professora foi visitar seus pais em seu país/ a minha professora viajou para o seu país, etc”. No entanto, em língua japonesa utiliza-se o verbo kaerimasu, ex. “sensei wa kuni e kaerimashita”, ou seja, “a minha professora voltou /regressou/ retornou ao seu país”. Um aluno que não tenha a explicação sobre o uso desse verbo e ouve uma frase assim pensará que a professora “foi embora” para o seu país.
Por toda essa complexidade do uso do idioma japonês em contraste com o nosso idioma pátrio, é que acho muitíssimo interessante o idioma japonês.
COELHO, Jaime; HIDA, Yoshifumi. Shogakukan: Dicionário universal japonês-português. 2. Ed. Tōkyō: Shogakukan, 1998.
HINATA, Noemia. Dicionário Japonês-Português romanizado. 13. Ed. Tōkyō: Kashiwashobo.